quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sincronicidade Absoluta - A Ilusão do Livre-Arbítrio


Nossa vida é uma história que já está escrita nos seus menores detalhes. Esse poder de tomar decisões, que costumamos chamar de Livre-Arbítrio, nada mais é do que uma ilusão. Essa ilusão tem a mesma origem de outra nos sugere o ego, quando nos dá uma sensação – que logo se transforma na mais sólida realidade – de que somos seres individuais, desconectados de todo o resto.

Essa sensação de individualidade e isolamento, produzida pelo ego, traz na bagagem a idéia de que somos donos do nosso destino, enquanto seres humanos caminhando pelo mundo e responsáveis pelas decisões que tomaremos e que nortearão o rumo da nossa história, até a nossa morte.

Diferentes momentos e situações que passamos em nossa vida, nos levam a encarar essa idéia de Livre-Arbítrio ora como troféu, ora como fardo. Nem um nem outro. O Livre-Arbítrio simplesmente não existe. Nossa história já está decidida desde antes de nascermos até depois de morrermos, bem como dos nossos ancestrais e descendentes.

Isso não quer dizer que você deitará no sofá e simplesmente não fará mais nada, vendo a vida – dos outros – continuar. A não ser que seja isso o que estivesse destinado a você, a partir deste momento. Sua vida vai continuar a mesma de antes, apenas sem aquela soberba que a ilusão do poder do Livre-Arbítrio lhe despertou, em alguns momentos de êxtase consigo mesmo, e sem aquele pânico diante daquelas dificuldades de um mundo que, sendo muito maior que você, o fez sentir saudades do colo materno.

A Sincronicidade, como batizou Jung, não aparece apenas como eventos cujas coincidências despertem teores emocionais nos seus participantes. A Sincronicidade, por uma simples questão lógica, é Absoluta em todos os momentos, desde o início dos tempos, estejamos ou não presentes, percebendo ou não o Todo que se desenrola ao nosso redor.

Neste livro, Celso Rossi apresenta os motivos que o levaram a chegar a essa conclusão e um apanhado de citações de outros autores, entre psicólogos, físicos, pesquisadores e cientistas, que dão suporte a essa idéia.

Contato com o Autor: celsolrossi@terra.com.br


COINCIDÊNCIAS SIGNIFICATIVAS

Sincronicidade: é a união de acontecimentos internos e externos de uma maneira que não pode ser explicada pela causa e efeito, mas que é significativa para observador.”
Assim, a página 17 do livro Os 7 segredos da sincronicidade, de Trish e Rob Macgregor, que comprei na sala de embarque do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, na conexão do voo que estava me levando para Vitória, definia o assunto sobre o qual eu mesmo publicara um livro vários anos atrás.
“Eventos, sem relação de causa e efeito, que ocorrem simultaneamente ou em sequencia, despertando em seus participantes uma sensação emocional, sugerindo algum significado.” Foi mais ou menos assim que o discípulo dissidente de Freud, Carl Jung, definiu o conceito das “coincidências significativas” ou, no termo por ele mesmo escolhido: “sincronicidade”.

O sol negou-se a participar do XIII CONGRENAT – Congresso Brasileiro de Naturismo, que acontece a cada dois anos e desta vez foi realizado na praia naturista de Barra Seca, em Linhares/ES, neste feriado de Páscoa, mas a maioria dos dirigentes das 37 entidades naturistas filiadas à federação não seguiu seu exemplo.
Foi um congraçamento emocionante, produzido pelo reencontro de “naturossauros” que dedicam e dedicaram muitos anos de suas vidas, com paixão, ao ideal naturista.
Vindo de Porto Alegre, encontrei-me, no aeroporto de Vitória, com Zé Wagner, que chegou de João Pessoa poucos minutos mais tarde. Debaixo de seu cocar de penas coloridas, abrindo seus braços como uma águia maternal, cujo bico ele traz num colar de dentes pendurado ao pescoço e quase fura nossos corações emocionados, unidos num forte abraço, Zé entoava, na sonora voz indígena, a saudação: “ Auê Pyá!”1.
O índio se apresentou no balcão da locadora de automóveis para ser “meu motorista” até a praia naturista, ante os olhares incrédulos e extasiados das balconistas, brindadas com aquele espetáculo inesperado. Índio maluco, inspirando nas atordoadas e belas atendentes a pergunta “O senhor tem habilitação?”.
“Maluco beleza” que faz Raul Seixas dançar de alegria em sua cova – ou no paraíso em que estiver – ao constatar que ainda existem pessoas pelas quais o mundo merece continuar existindo.
Sobrevivi à viagem, de pouco mais de 3 horas, por uma BR101 escura, clamando sinuosamente por duplicação, mas não resisti de me apaixonar por aquele índio doido, que quase não atrapalhava o tráfego enquanto cantava e recitava o vocabulário Tupi. Caso seja correto afirmar que quando nos apaixonamos por alguém é porque nos vemos nele refletidos, só posso concluir que me descobri maluco também: mais um para a confraria do Raul.
Seria esse o mesmo processo que é chamado de “iluminação”, quando alguém se apaixona por Deus, pois percebe que Ele é o oceano, num simples processo de identificação, do qual somos uma gota, misturada na água imensa?
Esse preâmbulo turístico, destacado pelo atrativo humano representado por esses personagens, deslocando-se para um congresso onde as roupas são deixadas de lado, sem constrangimento, já se poderia considerar pleno; entretanto, o que estava preparado para o enredo desses dias ainda reservava eventos surpreendentes.
R$3,00 para ir e R$3,00 para voltar. Esse era o preço estabelecido pelo canoeiro para nos navegar sobre o pequeno rio vermelho – “ypiranga, na língua Tupi”, diria Zé Wagner – que divide a Barra Seca do Pontal do Ipiranga.
Poucos minutos depois, aproveitando o cenário, me encontrava contando para o Guilherme, meu fiel inquisidor, a parte da história de Sidharta Gautama, mais conhecido por “Buda”, da passagem da sua vida na qual decide, finalmente, se entregar a mais gloriosa missão de todos os homens na Terra – servir aos outros – tornando-se canoeiro em um rio, atravessando as pessoas.
“Mas como ele vivia, Celso?! Como sobrevivia, se não cobrava pelo seu trabalho?” –  perguntou, sempre preocupado com o futuro. Respondi que, às vezes, a gratidão transborda do coração das pessoas, fazendo-as estender a mão com algum presente. “No mais, a Natureza provê” – afirmei.
Algumas formalidades do evento requisitaram minha presença na plateia da assembleia, mas, assim que pude, fui dar uma pequena caminhada na areia da praia. Alguns alongamentos, uma pequena corrida sobre a areia grossa para massagear as solas dos pés, percorrendo os limites entre as bandeiras que demarcam o espaço dentro do qual se pode andar vestido com a roupa de nascença sem ser condenado e me detive ante o pedaço quebrado de um tronco de arbusto sem galhos, trazido pela maré. Sua raiz, num perfeito plano perpendicular ao tronco, parecia ter crescido espremida entre o peso da gravidade e um tampo de balcão de granito polido.
Levei-o comigo e o finquei, com a ponta do tronco para baixo e a raiz para cima, no centro da área naturista, mostrando a curiosa estrutura natural do emaranhado de raízes: “Só falta colocar um tampo de vidro em cima para se tornar uma bela mesa” – comentei com o Guilherme, que passava em direção ao mar.
Ajeitei a areia ao redor do pé da nossa “mesa” e me fui ao mar, salgar o corpo naquela água, que parecia querer compensar, com seu calor, o tempo nublado e fresco que nos dispensava da desagradável lambuza do protetor solar.
Passei pelo Guilherme e, já com água pela cintura, vi o lombo de um peixe, que se aproximava nadando rente à superfície. Ao me perceber, mergulhou nas águas turvas, remexidas pelo vento sul, desaparecendo a cerca de dois metros à minha frente.
Num impulso impensado, ainda assim lento e tranquilo, com a surpreendente naturalidade de quem se debruça sobre a gôndola refrigerada do supermercado, mergulhei meus braços na água e senti as escamas do peixe passando pelas minhas mãos e, com os dedos da mão direita encaixando nas guelras, retirei-o da água.
Voltei-me na direção da praia, deparando imediatamente com a estupefação do Guilherme que, ao meu lado, me olhava espantado, fazendo-me sentir como um ET desembarcando do disco voador, apenas exclamando: “Celso! É um milagre! Você tem razão! A Natureza provê!!” – referindo-se ao diálogo que tivéramos, minutos antes, sobre Buda.
Caminhei até a “mesa” de raízes, que, por uma incrível coincidência, já estava preparada e deitei a Corvina, de cerca de 3 ou 4kg, sobre o plano das raízes, diante de um grupo de surpresos naturistas que logo me cercaram, comentando sobre a cena inusitada que acabavam de presenciar.
Quanto ao congresso, fosse pela impositiva oração, comandada pela pastora Maria da Graça – nome muito sugestivo –, ou pelo cerimonial do evento, tão docemente conduzido pelo teólogo Waldo, poder-se-ia até pensar que aquela centena de pessoas nuas ou em cangas despojadas não passassem de ex-seminaristas comemorando alguma data especial.
A oração de São Francisco de Assis, readaptada e cantada em coro emocionado pelos presentes, e aquela história do peixe entregue pelo mar – em plena Sexta-feira Santa! –, ressaltaram as “coincidências significativas” como um símbolo marcante desse evento naturista, sugerindo que o “acaso” é um conceito muito pobre para abranger o fato de que o papa, recém-eleito, tenha escolhido o nome de “Francisco”, em homenagem à personalidade do milênio e primeiro naturista da história, prenunciando, talvez, um novo tempo para os homens de Gaia.
Celso Rossi
 “Naturossauro”
Fundador da FBrN
Autor do livro “Sincronicidade Absoluta: A ilusão do Livre-arbítrio”.

Adendo: Redigi esta crônica durante o voo entre Vitória e São Paulo. Fiz a conexão para Porto Alegre e aproveitei para reler o que escrevera. Logo que terminei a leitura, no primeiro instante – de toda a viagem – em que desgrudei meus olhos do papel, vislumbrei uma foto de mais de meia página na revista de bordo, nas mãos da passageira da poltrona ao lado. A foto me era muito familiar: uma vista da Praia do Pinho (referida na matéria como praia naturista) a partir de um ponto de onde ficava minha barraca, no mês de janeiro de 1988, dentro da qual redigi a ata de fundação e os estatutos da FBrN, de cujo congresso nacional, que se repete desde 1989, estava retornando. Qual a possibilidade de ser apenas coincidência o fato de, justamente ao meu lado, estar aberta – exatamente nessa página! – tal revista, de mais de cem páginas, e que, àquela altura do voo, poucos passageiros ainda folheavam a revista de bordo? Lembrando que, no percurso de ida, eu comprara um livro sobre sincronicidade!

1. Auê= Salve, ou seja uma saudação. Está no Hino Nacional do Brasil em tupi. Auê, auê= Salve, salve. Piá= [ do guarani.] Pyá, estômago. Barriga. Coração. Entranhas. Ânimo. Espírito. Consciência. Maneira carinhosa de chamar alguém e especialmente as crianças. Não é aplicado apenas aos meninos que servem de peão em estâncias, nem somente morenos ou filhos de índios // Py'á pode ser aplicado a qualquer pessoa que muito estimamos. Poeticamente, é o coração. (SAMPAIO, Mário Arnaud, Palavras indígenas no linguajar brasileiro. Porto Alegre: Sagra: DC Luzatto, 1995). Obrigado Zé Wagner!


sábado, 4 de setembro de 2010

Sicronicidade Absoluta - Trechos do Livro


Se fôssemos pensar no mundo e em nós mesmos de modo puramente materialista, sem a submissão a uma ordem de consciência superior, ao nos olharmos no espelho, veríamos um reflexo do mesmo modo que W.V.O.Quine veria: “Sou um objeto físico sentado em um mundo físico. Algumas das forças desse mundo físico colidem com minha superfície. Os raios de luz atingem minhas retinas; moléculas bombardeiam meus tímpanos e impressões digitais. Eu contra-ataco, emanando ondas de ar concêntricas. Essas ondas tomam a forma de uma torrente de discurso a respeito de mesas, pessoas, moléculas, raios de luz, retinas, ondas de ar, números primos, classes infinitas, alegria e aflição, bem e mal.”



Existe um aparente paradoxo entre nossa impressão egóica de nos fazer sentir separados do todo, livre-arbitrados e responsáveis pelos nossos atos e a compreensão de Deus como sendo Tudo, inclusive eu mesmo. Se eu sou constituído de Deus, serei eu também Ele? Serei a criança que movimenta os fantoches, escondida dentro da mente de cada de cada um deles – nós?[...]Muitos textos dos Upanishads dizem que, se um homem alcançar o seu Si-mesmo pessoal, o Purusha dentro dele será, simultaneamente, idêntico ao Si-mesmo cósmico e, por conseguinte, será um com todas as outras pessoas. Assim, essa unicidade ou alteridade e seu paradoxo desempenham um grande papel na muito mais antiga filosofia hindu e isso é apenas uma especificação tardia.”







(…)Que mágica era aquela?! A astróloga não tinha nenhum poder sobre-humano, ela apenas era estudiosa de Astrologia e buscava informações sobre a minha vida e a minha pessoa em tabelas e traços sobre o papel, originados dos meus dados pessoais de nascimento. Ela não pesquisou sobre a minha origem étnica, sobre minha carga genética, sobre minhas dificuldades de infância, sobre meus problemas de adolescência, sobre meus pais, meus amigos e minhas histórias de vida que, segundo meus “conceitos científicos”, seriam os determinantes do “quem sou eu”. Ela me dava uma prova incontestável de que “quem sou eu” já estava definido no momento do meu nascimento, pois, segundo ela – e a Astrologia –, o Sol estava em tal signo, a Lua a tantas horas pra lá, Mercúrio a tantos graus pra cá, Júpiter fazendo relação com Saturno assim e assado. Ora! Como aquelas bolas de lava, gás, fogo, poeira, etc., planetas tão distantes da Terra que nem se enxerga a olho nu, podem determinar se eu sou de um jeito ou de outro?(…)







A “causa oculta” mais simples das coincidências é a predestinação. “Todas as coisas são governadas por leis imutáveis”, afirmou Voltaire em seu Dicionário Filosófico. Somos “brinquedos nas mãos do destino”. (…) “O Supremo Senhor Deus reside no coração e dirige cada passo de todos os seres vivos, que estão como em uma máquina movida pela energia da matéria natural.” (Bhagavad Gita) (…) “Sendo a Suprema Pessoa, sei tudo o que aconteceu, tudo o que está acontecendo e o que vai acontecer.” (Bhagavad Gita)







Michio Kaku continua: “Desde então, o campo das máquinas do tempo (ou, mais apropriadamente, “curvas fechadas tipo-tempo”) tornou-se uma área animada da física, com dezenas de artigos publicados com diferentes projetos, todos baseados na teoria de Einstein. No entanto, nem todo físico está satisfeito. Hawking, por exemplo, não gostou da idéia da viagem pelo tempo. Ele disse, ironicamente, que se a viagem pelo tempo fosse possível, estaríamos cercados de turistas do futuro. Se máquinas do tempo fossem comuns, a história seria impossível de registrar, mudando cada vez que alguém girasse o botão da máquina do tempo. [...] Ele agora sustenta que as máquinas do tempo, embora teoricamente possíveis, não são viáveis.


Muito cedo, antes de completar 15 anos, Santa Teresinha do Menino Jesus, nascida em 1873, em Alençon, na França, ingressou na vida do convento. Durante sua curta existência – morreu aos 24 anos, de tuberculose –, chegou à conclusão lógica de que se Deus era onipotente, onipresente e onisciente, ele não só era responsável por tudo o que acontecia, fosse por ação ou por omissão, como sabia, antecipadamente, tudo o que iria acontecer e, portanto, não poderia haver livre-arbítrio. Para ela, a única possibilidade de termos livre-arbítrio e sermos os únicos responsáveis pelos nossos atos seria incoerente com o alegado poder de Deus. Desse modo, ela preferiu abrir mão da idéia de livre-arbítrio e se entregar, sem angústia, aos planos traçados pelo Criador, sem deixar de se emocionar com a aventura de viver sem saber o que aconteceria no momento seguinte.




Mesmo tendo passado boa parte de sua história condenando, e até queimando, os clarividentes, a Igreja também teve clarividentes e profetas entre os seus. Alguns até reconhecidos. Toda vez que há uma sucessão papal, todos recorrem às profecias de São Malaquias, que por volta do ano de 1140 traçou uma espécie de cronologia papal, ou seja, uma descrição de todos os papas que se sucederiam desde aquela época. (…) “O que mais surpreende os pesquisadores é que Malaquias previu, com deslocamento mínimo de tempo, todos os 110 papas que existiram desde a sua época até os dias atuais. Segundo este documento, após João Paulo II, atual papa (esta edição é de 2004), somente existirão mais dois papas: um que provavelmente será beneditino [...]; e Pedro II, que provavelmente não será italiano e cujo pontificado terminará no ano de 2013.”



”O que dizer de alguém que, em agosto de 2001, registrou em cartório uma descrição detalhada da catástrofe ocorrida em Nova York no dia 11 de setembro de 2001, inclusive divulgando e enviando cópias alertando a embaixada do governo americano para que fosse tomada alguma providência? O que dizer de alguém que enviou um fax de alerta ao escritório de Ayrton Senna dias antes do fatídico acidente ocorrido em 1º de maio de 1994, na cidade de Ímola, Itália? Sorte? Fraude? Coincidência?” (…) sobre previsões da história mundial recente, que são atribuídas à médium brasileira Adelaide Scritori, presidente da Fundação Cacique Cobra Coral, com sede em Guarulhos, São Paulo. Vale lembrar que o vice-presidente dessa fundação nada mais é do que o autor brasileiro mais lido no mundo: Paulo Coelho.



“Para obter um grupo de controle, Gauquelin compilou uma lista de médicos que não eram membros da Academia de Medicina, e seguiu o mesmo procedimento. O padrão que emergiu não era diferente do padrão normal do homem comum; ‘eram apenas os médicos de destaque que escolhiam vir ao mundo sob Marte e Saturno’. [...] Aqui havia, na verdade, uma extraordinária ‘coincidência oculta’ do tipo que Diaconis indicou ser importante para a ciência e comparável, por suas implicações psicológicas, ao reconhecimento das relações entre a Lua e as marés, especialmente se resultados similares surgissem através de pesquisas sobre pessoas de outras profissões.”



Sem dúvida, um dos mais lembrados profetas, Nostradamus, que também era astrólogo, deixou um legado de peso, com as suas “centúrias”. Na centúria IX-17, escreve:“O primeiro do terceiro fará pior que Nero, Ele também derramará sangue humano, Construirá fornos, ciclo de morte, E o novo chefe causará grandes escândalos.” Temendo ser condenado por bruxaria, numa época pouco tolerante com tais manifestações, Nostradamus preferia utilizar termos mais vagos, mas que, no futuro, seriam reconhecidos, como nesta centúria, que se refere a Hitler, primeiro chanceler do terceiro Reich.


Jung trabalhou por mais de vinte anos com a idéia da sincronicidade, na sua prática profissional e em palestras, antes de decidir colocá-la num ensaio, intitulado “A sincronicidade como um princípio de relação acausal”. Embora ele não julgasse estar com o conceito plenamente desenvolvido, sentia a urgência de registrar seus estudos, pois, com mais de setenta anos de idade e com a saúde já abalada, só assim poderia permitir a continuidade do desenvolvimento do conceito.


[...]E Einstein confirma, no seu próprio texto, na obra Como Vejo o Mundo, o que pensava no seu íntimo, sobre a ilusão do livre-arbítrio e como se conduzia em função disso: “Ainda jovem, fiquei impressionado pela máxima de Schopenhauer: ‘O homem pode, é certo, fazer o que quer, mas não pode querer o que quer’; e hoje, diante do espetáculo aterrador das injustiças humanas, esta moral me tranqüiliza e me educa. Aprendo a tolerar aquilo que me faz sofrer. Suporto então melhor o meu sentimento de responsabilidade. Ele já não me esmaga e deixo de me levar, a mim e aos outros, a sério demais. Vejo então o mundo com bom humor. Não posso me preocupar com o sentido ou a finalidade da minha existência, nem da dos outros, porque, do ponto de vista estritamente objetivo, é absurdo.”

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A Verdade Pode Ser Simples Demais

Muito cedo, na nossa infância, na descoberta do universo que nos cerca, tomamos consciência do “eu” e do “meu” e diferenciamo-nos, assim, do “tu” do “teu”. Essa percepção de separação nos induz a ver o mundo e nos posicionarmos a partir do ego, que nada mais é do que um programa de gerenciamento, um “software”, de controle e proteção do nosso corpo e da nossa individualidade, através da qual nos relacionamos com aquilo que o ego considera ser “o mundo externo”.

As primeiras experiências da vida vão-nos tomando de assalto e começamos a reagir a elas com a perfeita sensação de que estamos no comando da nossa história. Quando as coisas acontecem de acordo com o que imaginamos, com o que planejamos, sentimos que fomos competentes, inteligentes, hábeis para dominar os acontecimentos e produzir aquilo que desejávamos. Quando o resultado acontece em desacordo com a nossa idéia inicial, mesmo tendo feito “a nossa parte”, costumamos atribuir a responsabilidade pelo insucesso aos outros, que não fizeram adequadamente o seu papel, ou a fatores como “sorte ou azar”.

Com o passar dos anos e com a observação das nossas próprias histórias de e das histórias das pessoas que nos cercam, em muitos momentos começamos a suspeitar de que existe algo além da simples seqüência de acontecimentos caracterizados por uma corrente infindável de causa e efeito, através de uma linha histórica que se estende para trás a se perder no passado.

É quando começam a surgir as primeiras manifestações espontâneas da espiritualidade. É quando começamos a desconfiar de que existe algum significado oculto nas nossas vidas e como se “alguém” ou alguma forma de “inteligência” estivesse manipulando os acontecimentos, em especial aqueles que, antes, classificávamos como “sorte ou azar”: os eventos interligados com relações acausais.

Este seria, talvez, o desenvolvimento natural da compreensão do ser humano a respeito de quem é, como é o mundo e qual o seu papel nesta vida.

Os homens, entretanto, com a sua mania de institucionalizar, acabam criando agrupamentos religiosos que têm, invariavelmente, o vício de querer ensinar dogmaticamente aquilo que só pode ser apreendido através da percepção individual e espontânea, a partir da vivência da própria história pessoal. Desse modo, a descoberta natural da espiritualidade acaba sendo substituída por crenças cegas, estéreis e sectárias, preconceituosas, ou abafada pela rebeldia adolescente, conduzindo ao materialismo científico, igualmente estéril, sectário e preconceituoso.

Ambos os lados, através de seus líderes e expoentes, chamam para si a posse da verdade absoluta. Ocorre que a Verdade não tem dono, é livre e paira no ar, misturada nas lendas religiosas e nas descobertas científicas; percebida nas preces atendidas e nos experimentos de laboratório. Talvez, uma mesma Verdade, para ser reconhecida, precise estar visível de todos os ângulos, tanto nos textos sagrados milenares, quanto nas últimas descobertas da Física Quântica; tanto na arte da Astrologia, quanto nas palavras dos profetas; tanto nas comunicações com espíritos, quanto nas pequenas “coincidências” do nosso dia-a-dia, às quais nem sempre damos a devida atenção.

Talvez a melhor maneira de recuperarmos uma forma saudável de desenvolvimento físico, mental e espiritual seja abandonando nossos preconceitos e julgamentos. Temos de voltar a ter o espírito puro e desarmado da criança que éramos antes de sermos catequizados ou antes de termos nos rebelado contra os dogmas religiosos que os nossos pais e professores tentavam nos presentear.

Algum tempo atrás, tive um exemplo bem claro desse comportamento limitante a que as pessoas se impõe, ao que parece, pelo medo de se defrontar com as frágeis estruturas lógicas da sua visão de mundo. Seja religiosa ou científica, espiritual ou materialista. Presenteei a dois amigos – um padre e um materialista – com meu livro, recém publicado, Sincronicidade Absoluta – A ilusão do Livre-Arbítrio. A ambos pedi que lessem e me enviassem uma crítica, por e-mail. Passados alguns meses, encontrei o amigo ateu, materialista, e perguntei o que ele tinha achado das idéias do livro, se eram coerentes ou se ele tinha encontrado falhas na estruturação dos argumentos. Um pouco constrangido, ele foi sincero em reconhecer que não o tinha lido. Disse que ao ler o índice e verificar que, ao final, o livro falava de Deus, do Sentimento Oceânico, ele não se interessou pelo assunto, pois não acreditava naquilo.

Recentemente, encontrei o meu amigo padre e lhe fiz a mesma pergunta. Ele disse: “Eu só li o começo, pois quando vi que o livro tinha um conteúdo científico e materialista, que vai contra as minhas crenças, não fui adiante.”

A ambos fiz apenas uma pergunta, que não puderam me responder. Ao padre, perguntei: “Se Deus é onisciente e conhece o passado e o futuro, sabendo tudo o que vou fazer amanhã, como posso ter Livre-Arbítrio ou ser julgado pelos meus atos se, certamente, não vou surpreendê-Lo?”. Ao materialista perguntei: “Se experimentos científicos já demonstraram que os átomos podem ser constituídos apenas de energia e informação, sem nada sólido, qual a diferença de “matéria-prima” entre a realidade que percebemos depois que toca o despertador e aquela, um pouco antes, enquanto um simples sonho nos provocava sensações e emoções tão vívidas quanto as da “vida real”?

É possível que textos milenares, como o Bhagavad Gita, da Índia, não tenham a intenção de fazer metáforas e sejam simplesmente literais, em trechos como: “Tendo aprendido a verdade, a ilusão vai ter um fim, então você vai saber que todos os seres vivos, fazendo parte de Mim, pertencem somente a Mim e vivem dentro de Mim”. Seria essa a nossa “realidade”? Seríamos todos personagens de um sonho?

Mais adiante, na mesma obra, de mais de cinco mil anos, encontramos: “Sendo a Suprema Pessoa, sei tudo o que aconteceu, tudo o que está acontecendo e tudo o que vai acontecer.(…)”. Seria esta uma explicação para as incontáveis profecias, clarividências, precognições, fartamente registradas na história, de eventos que se concretizaram, em detalhes, exatamente da forma como foram “pré-vistos”, meses, anos ou centenas de anos antes dos fatos ocorrerem?

Ainda no Bhagavad Gita, temos, literalmente: “O Supremo Senhor Deus reside no coração e dirige cada passo de todos os seres vivos, que estão como em uma máquina movida pela energia da matéria natural.” Seria esta uma indicação de que todo o universo, os planetas e as pessoas, funcionam sincronicamente? Seria esta uma explicação para a inegável correlação estudada pelos astrólogos entre os astros e a nossa vida aqui na Terra? Seria essa a razão de que tantas “coincidências” se apresentem em nossa vida, levando-nos a desconfiar de que fazemos parte de uma “trama” que se desenrola além do nosso controle? Talvez a Verdade jamais se manifeste de modo inquestionável, simples e arrebatadora, perante todas as religiões, filósofos e cientistas. Talvez continuemos mais alguns milhares de anos discutindo religião, filosofia e ciência como membros de diferentes partidos políticos ou times de futebol. Talvez a Verdade já tenha sido descoberta milhares de anos atrás e dita de uma forma tão simples que os homens de hoje, com suas mentes tão complexas e eruditas, não consigam mais compreender.


Celso L. Rossi

autor do livro

Sincronicidade Absoluta – A Ilusão do Livre-Arbítrio